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sexta-feira, 3 de julho de 2020

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

















VARIAÇÃO LINGUÍSTICA




A gramática é um compêndio de regras importantes para a manutenção do idioma. Imagine se não tivéssemos um manual ao qual pudéssemos consultar na ocorrência de uma dúvida? Imagine se as regras não existissem e, por esse motivo, cada falante resolvesse estabelecer suas próprias normas? Viveríamos em uma verdadeira CONFUSÃO, e nossa língua portuguesa estaria fadada ao esquecimento. Quando falamos em preconceito linguístico, não estamos propondo que os falantes rasguem a gramática, mas sim que considerem as duas modalidades do idioma: a língua oral e escrita, assim como a existência de uma língua culta e de uma língua coloquial. Dizer que alguém “fala errado” desconsidera diversos fatores extralinguísticos, como as variações existentes em cada comunidade, cada região, cada contexto cultural.








                                                    Renato Russo - Cantor e compositor





“(...) Eu canto em português errado
Acho que o imperfeito não participa do passado
Troco as pessoas
Troco os pronomes (…)”.


(Meninos e Meninas – Legião Urbana)








Renato Russo cantava em “português errado” porque ele sabia que algumas escolhas linguísticas tornam o idioma mais expressivo, já que usar a gramática normativa parece deixar a fala um tanto “sem graça”. Estamos falando de uma licença poética, permitida na linguagem literária, portanto, quando a necessidade pedir que você escreva um texto não literário, prefira a norma padrão-culta, pois, na escrita, o que vale é o respeito às regras gramaticais. Quanto à fala, nada de ficar apontando os “erros” dos outros falantes, lembre-se de que existem outros contextos culturais diferentes do seu. O uso é o que torna a língua viva. Tomemos como exemplo o fragmento do poema de Manuel Bandeira:


[...] A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada [...]" .


(Evocação do Recife – Manuel Bandeira)






Vício da fala

Para dizerem milho, dizem mio
Para melhor, dizem mió
Para pior, pió
Para telha, dizem teia
Para telhado, dizem teiado
E vão fazendo telhados.

(Oswald de Andrade)


Vimos, com base no poema acima, que existem diversos tipos de variação
linguística: são aquelas que demonstram a diferença entre as falas
dos habitantes de diferentes áreas do país, diferentes épocas da História de um país, diferentes classes sociais, diferentes grupos, idade, tribos metropolitanas,s diferentes estado e cidades etc. 















O povo é o inventalínguas na malícia da maestria
no matreiro da maravilha 
no visgo do improviso 
tenteando a travessia azeitava o eixo do sol 
o povo é o melhor artífice 



Haroldo de Campos