TREM DE DOIDO - O TREM DA SOLIDÃO COLETIVA
O “trem de doido” existiu de verdade: ele cruzava o interior do país levando os loucos para o manicômio denominado Colônia, em Barbacena MG., o maior do Brasil – foi o cenário de um terrível genocídio que durou décadas. Mais de 60 mil pessoas morreram ali. Os loucos desembarcavam nos fundos do hospital, onde o guarda-freios desconectava o último vagão do trem.
O Trem Das 7
Raul Seixas
Ói, ói o trem, vem surgindo de trás das montanhas azuis, olha
o trem
(...)
Ói, já é vem, fumegando, apitando, chamando os que sabem do
trem
Ói, é o trem, não precisa passagem nem mesmo bagagem no trem
Quem vai chorar, quem vai sorrir ?
Quem vai ficar, quem vai partir ?
Pois o trem está chegando, tá chegando na estação
É o trem das sete horas, é o último do sertão, do sertão
Ói, olhe o céu, já não é o mesmo céu que você conheceu, não é
mais
Vê, ói que céu, é um céu carregado e rajado, suspenso no ar
(...)
Ói, olhe o mal, vem de braços e abraços com o bem num romance
astral
VÍDEO I - HOLOCAUSTO BRASILEIRO - MANICÔMIO DE BARBACENA
TEXTO I - Museu da Loucura é reaberto com objetivo de conscientizar a sociedade
Após quase dois anos de reforma e revitalização, o Museu da
Loucura, em Barbacena, no Campo das Vertentes, foi reaberto em uma data
significativa, 18 de maio, quando são celebrados os dias da Luta Antimanicomial
e Internacional dos Museus. A instituição é conhecida por abrigar um acervo que
conta a história do primeiro hospital psiquiátrico de Minas Gerais.
.
"A importância transcende a questão de memória e de
turismo. É um compromisso com a garantia dos direitos humanos através da
conscientização das pessoas. É um museu social porque tem um discurso de quebra
de preconceitos e de um assunto que é ainda atual, que são as dificuldades
relacionadas à área da saúde mental. Queremos fazer as pessoas entenderem que a
segregação e separação da sociedade é o problema, e não a doença, que é
tratável. Você não pode negar a cidadania de uma pessoa porque ela é
doente", explicou Edson
Brandão, curador do Museu da Loucura.
O Museu da Loucura completa 20 anos em agosto e estava
fechado desde 2014 para as obras de revitalização da estrutura física, do
acervo e da exposição permanente. O local reúne textos, fotografias,
documentos, objetos, equipamentos e instrumentação cirúrgica, que relatam a
história do tratamento do paciente com sofrimento mental.
Edson Brandão ressaltou que a formatação da exposição
permanente é simples para destacar a força do que é apresentado aos visitantes.
"Nosso objetivo é tratar de forma crua e com respeito
pelas pessoas que viveram e morreram no Hospital Colônia. É um memorial e um
ambiente respeitoso às memórias de quem foi submetido a tratamento no local.
Uma forma simples, mas bastante eficiente de recuperar e mostrar esta
história", afirmou Edson
Brandão, curador do Museu da Loucura.
http://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2016/05/museu-da-loucura-e-reaberto-com-objetivo-de-conscientizar-sociedade.html