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quinta-feira, 28 de maio de 2020

SEMIÓTICA - CONTEÚDO DO NONO ANO









SEMIÓTICA - CONTEÚDO DO NONO ANO 














SEMIÓTICA 






A semiótica é o estudo dos signos. Esta esfera do conhecimento existe há um longo tempo, e revela as formas como o indivíduo dá significado a tudo que o cerca. O estudo dos signos ganhou uma grande importância na área da comunicação.  Os designers podem utilizar a semiótica para gerar formas significativas, bem como para estudar os signos de comunicações existentes. 







Signo


A definição clássica de signo é algo que é usado, referido ou tomado no lugar de outra coisa para representá-la. Signo é todo elemento que representa algo, que tenha significado e sentido para o ser humano. O signo pode ser verbal ou não verbal.

Uma imagem, um desenho, um gesto, uma palavra, um símbolo matemático, uma cor, uma expressão corporal, facial, um som, uma música, um sinal etc. Tudo isso pode ser um signo, pois pode aparecer num determinado contexto usado no lugar de outra coisa, representando essa outra coisa.




A compreensão que a maioria das pessoas tem da palavra signo é uma visão limitada. Na verdade, em nossa sociedade, quase tudo é signo de algo. Certas roupas são sinais de que a pessoa está na moda, certos carros são símbolos de status. É impossível realizar a maior parte de nossas atividades diárias sem o auxílio de símbolos.


Na verdade, os signos foram uma das mais importantes e mais geniais invenções do ser humano. Antes dos signos, para nos referirmos a algo, precisávamos mostrar do que se tratava. É muito mais prático dizer a palavra que pode designar o que se quer mostrar. Os signos são isso: um substituto para as coisas. Eles estão no lugar das coisas, ele as representam.








Tradução: Isto não é um cachimbo - Obra do pintor francês René Magritte 





Signo é aquilo que está no lugar de outra coisa. A palavra pedra está no lugar da coisa pedra. Podemos dizer também que signo é tudo aquilo que representa uma coisa que não seja ela mesma. Uma pedra é apenas uma pedra, um objeto, mas se uma empresa de construção convencionar que a pedra é seu símbolo, ela passa a ser um signo.


Um aspecto importante da semiótica é a necessidade de intérprete. Só temos signos quando há pessoas para interpretá-los.


Esse processo de transformação de coisas em símbolos é cultural e arbitrário

De repente alguém decide que algo vai representar tal coisa. Se pegar, aquilo passa a representar algo além dele mesmo.








Existem três tipos de signos:


- os índices (indica ou sugere algo);

- os ícones(representa algo por força da semelhança);

- e os símbolos (representa algo abstrato).









1 - Os índices são tipos de signos que têm uma relação sensorial (sentidos) de causa ou emotiva. São representativos de uma associação imediata, direta, entre duas coisas que se complementam, pois fazem parte uma da outra, logo são inseparáveis, estão sempre juntas. Uma é a causa da outra, uma nos induz a pensar na outra.


Talvez os índices tenham sido os primeiros signos utilizados pelo homem, eles têm uma relação de contiguidade (guardam uma relação de pertencimento imediata com a coisa representada), uma associação direta, lógica


Há no índice uma proximidade, uma ligação direta entre dois elementos que pode ser sensorial ou emotiva. Como sempre vemos um e outro juntos, passamos a associar uma coisa à outra. Um é derivado do outro e para ocorrerem têm que estar juntos no mesmo espaço e tempo.


Por exemplo, como vemos sempre juntos fogo e fumaça, logo associamos que onde há fumaça, há fogo. Um é a causa do outro.  A fumaça virou índice do fogo. Um nos induz a pensar outro.

O cheiro da mexerica é um índice dessa fruta, basta sentir o cheiro para indicar que há essa fruta por perto. Um é causa do outro. Um é derivado do outro e para ocorrerem têm que estar juntos no mesmo espaço e tempo. Esse cheiro virou índice da fruta. Um nos induz a pensar outro.


O mau cheiro também é índice de algo podre, sujo, sem cuidados higiênicos ou de um odor característico de algum elemento tipicamente fedido. Há uma relação direta entre o cheiro da coisa e a coisa que ele anuncia. Há uma causalidade. Logo, o mau cheiro é índice dessa mesma coisa. Um nos induz a pensar outro.


Muitas nuvens densas e escuras no céu são índice de chuva, tempestade. Há uma relação direta feita por associação sensorial, causa e efeito.
Uma poça d’água pode indicar que houve chuva, então ela é índice de chuva. Um nos induz a pensar outro.


Outro exemplo:

um coração, um desenho, a cor vermelha para lembrar o amor. Há uma relação direta feita por associação sensorial/sentimental (sentido/visão) da cor. Onde um está o outro aparece, automaticamente. Um nos induz a pensar outro.


Lágrimas são signos que podem ser índice de dor, sofrimento, tristeza ou até de extrema alegria. Causa e consequência. Um nos induz a pensar outro.
            











2 - Os ícones são signos que guardam uma relação de semelhança imediata com a coisa representada, mas aqui não há causa e consequência. Os dois elementos não precisam aparecer juntos, ao mesmo tempo, no mesmo lugar. São o tipo de signo mais fácil de ser reconhecido.


Não é necessário qualquer treinamento para identificar numa foto a imagem de um cachorro. Basta já ter visto um cachorro antes! O cachorro não precisa estar no mesmo momento em que  foto dele é apresentada. Ambos podem existir separadamente em momentos e espaços distintos.


A foto de um cachorro não é o animal propriamente dito, é uma imagem impressa no papel ou postada na web e que é um signo ícone representativo de uma realidade, mas não é a realidade em si, é apenas uma imagem icônica.


Exemplos de ícones são fotos, desenhos, estátuas, filmes, imagens de TV (guardam uma relação de semelhança imediata com a coisa representada, mas independem do outro estar presente no mesmo espaço e tempo para ser apresentado).


Há um tipo especial de palavras também que é considerado ícone: são as onomatopeias, que representam os sons das coisas e dos animais. Essas palavras não dependem da presença dos seres ou objetos que elas representam para serem ditas ou escritas. Afinal, não é o som realmente da coisa em si, é a representação em palavras de um determinado som.


Exemplos de onomatopeias:

Cri cri: o som que emite o grilo, mas não é o som realmente do grilo, é a representação em palavras de um certo som.

Toc toc: imita o som de alguém batendo na porta, mas não é o som propriamente, pois são letras, palavras que representam um som.

Din-don: o som de uma campainha.

Vrum vrum: o arranque de um carro.

Tic tac: o barulho do relógio.

Tibum: alguém caindo na água.

Atchim: espirro.












 3 - Os símbolos são signos muito mais complexos, pois representam ago abstrato. Imagina-se que eles só tenham surgido em uma fase mais avançada da civilização humana.


O símbolo é aquilo que se decide, por vontade própria, que seja símbolo de outra coisa, por que simplesmente se quis que fosse assim, representante de algo. 


Os símbolos não guardam qualquer relação de semelhança ou de proximidade com a coisa representada. A relação é puramente cultural, arbitrária, de vontade própria. O símbolo é inventado, criado, e dá-se a ele um sentido que é puramente da vontade pessoal de quem o criou. Para compreender um símbolo, é necessário aprender o que ele significa.









As palavras são exemplos de símbolos. 



Para compreender que o conjunto de letras PEDRA significa a coisa real em si, o minério encontrado na natureza, pedra mesmo, preciso ter sido alfabetizado, ou seja, passado por um treinamento, ter sido condicionado a reconhecer as letras, a palavra e o que ela representa.



Veja a palavra pedra em várias línguas, não há nada na palavra em si que nos faça visualizar uma pedra, a não ser pelo fato de termos aprendido a ler o significado das palavras através do estudo, da alfabetização. Deram esse nome ao minério e assim passou a ser.


Pedra, stone (inglês), calcul (francês), calcolo (italiano), roca (espanhol)











São exemplos de símbolos:

as palavras, os símbolos matemáticos, os símbolos químicos, as bandeiras de países e clubes, logotipos e logomarcas de empresas. Os símbolos são criados no momento da criação do código usado para representá-los.











É o código que diz os sinais que são válidos e os que não são. É também o código que nos diz como os símbolos devem se relacionar entre si e às vezes um signo pode ter mais de uma classificação.

Por outro lado, é possível que um símbolo tenha características de ícone. É o caso de uma poesia sobre a chuva em que as letras vão caindo como gotas de chuva. Cada letra passa a ser código de gota de chuva porque o poeta quis assim, inventou artisticamente esse código que dentro do poema faz sentido.

















 As logomarcas das empresas normalmente são símbolos que apresentam características de ícones. Isso é feito para que a compreensão da mensagem seja mais rápida e funciona tão bem que até mesmo crianças que ainda não foram alfabetizadas conseguem ler logomarcas. Elas leem visualmente.















O leitor e a semiótica

Entendemos texto como uma unidade mínima de significação, de modo que o leitor assume um papel ativo na constituição dos sentidos do texto, uma vez que esses sentidos dependem da sua atuação interpretativa sobre o livro. Os significados constituem-se por meio de sua leitura e compreensão.